Por termos sido, ao longo da nossa história, muito mais "enformados" do que informados, sobre o que é Deus, com uma visão de um deus punitivo, sempre pronto para nos julgar ou castigar. Aprendemos sobre um deus que privilegia alguns filhos em detrimento de outros, que fica sentado no trono a nos observar. Este deus que vive no imaginário de muitos, simplesmente não existe.
Ao imaginar um deus antropomórfico com estas características, compreendemos o porquê da negação ou temor de tantos desse deus que castiga.
Uma das belas descrições que li sobre o poder divino é esta: "Por trás da formação do universo, há uma força organizadora perfeita, uma sabedoria suprema, uma perfeição inimaginável, a causa primeira de todas as causas." O conceito é do cientista francês Antônio Zichichi, físico nuclear, professor da Universidade de Bolonha, presidente da Federação Mundial de Cientistas, escrita no livro "Por que acredito naquele que fez o mundo".
Na questão número um do Livro dos Espíritos, Allan Kardec buscou, primeiramente, saber dos espíritos superiores o que é Deus. O que foi respondido com simplicidade, sabedoria e absoluta segurança "Deus é a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas."
Não poderemos nos sentir seguros onde quer que estejamos, sem, pelo menos, alimentar a ideia de uma fonte criadora e imortal. A compreensão de um Deus que é nosso Pai de amor e bondade nos dá um ambiente de fé e dum verdadeiro sentido de viver. Quando não entendemos isso, buscamos endeusar algo ou alguém e acabamos, inevitavelmente, nos frustrando.
Experimentamos uma alegria ao entrarmos em contato com a natureza, pois ela fala aos nossos sentidos de uma inteligência acima de todas as inteligências humanas, de um amor maior, de uma paz operante nos seus mínimos registros de vida. Esta alegria, esta sensação de paz se conecta com Deus que está no centro da nossa existência, porque Ele está em tudo e nada vive sem a Sua benfeitora presença.
Definir Deus em sua plenitude não é possível, devido às nossas limitações, porém, a medida que evoluímos em conhecimento e autonomia moral, ampliamos a nossa consciência, nos aproximando mais de suas leis, podendo perceber melhor a grandiosidade de toda a criação. Então, a bruma que nos cega, aos poucos, vai se dissipando.
A Suprema Inteligência está conosco e fala constantemente aos nossos ouvidos, em todas as dimensões do entendimento. Porém, nós ainda estamos surdos aos Seus apelos e, ao nos afastarmos de suas divinas leis, passamos a sofrer as consequências.
Deus não está limitado à humanidade, ao planeta Terra ou à Via Láctea. Deus abrange todas as coisas, todos os seres vivos, inteligentes ou não, encarnados ou desencarnados, onde quer que se encontrem. Deus se estende por todo o Cosmo e mantém os universos organizados e ordenados.
Deus não vigia, não fiscaliza, não pune, não castiga, não determina ou executa sentenças. O que nos parece, às vezes, uma punição nada mais é do que uma correção dos desvios que nós, falíveis, aprendizes trilhamos ao usar mal o livre arbítrio.
A lei divina é perfeita, pela qual cada ato corresponde a um efeito, cada ação corresponde a uma causa.
Ao semearmos, não é possível a terceirização da colheita. Nós mesmos é que teremos que granjear, nesta ou em outras existências, seja ela uma safra de flores ou de espinhos. A lei de causa e efeito também é definida como a lei do retorno, a qual Jesus nos ensinou: " A cada um será dado de acordo com as suas obras" (Mateus 16.27).
Texto: Jorge Brandão
Empresário e escritor espírita